Resolvi assumir a calvície. Pela primeira vez na vida
pedi para a cabeleireira usar a máquina nº 1 em toda a cabeça, há alguns dias. Antes pedia para baixar com a tesoura mesmo, mas resolvi mudar isso. Em vez de careca
no topo, agora sou, praticamente, careca de cabeça inteira. De coração.
Aos 14 anos eu tinha muito cabelo. Porém, não era
contente com eles. Cabelo preto e volumoso, mas sem forma definida. Na parte
alta da cabeça, a continuação da franja, havia um ondulado desforme que me
irritava. Tinha uma moda de deixar as madeixas arrepiadas com o uso de gel, mas
quase sempre os meus cabelos não paravam nessa posição.
Pouco antes dos 20, senti que todo aquele volume dos 14
já tinha desaparecido. Eu ainda ostentava cabelo, mas não como antes. Ainda
usava gel, mas não como antes. Nem percebi que isso pudesse ser um sinal de
calvície e vivi sem pensar nisso.
Anos a frente, aos 25, já havia sinais de desmatamento
capilar. Pouco antes eu tinha ido ao médico e ele me receitou um shampo e um
remédio via oral. Minha fé fez acreditar no suposto aparecimento de um pequeno
percentual de volume, semanas após o uso dos medicamentos. Mas, na verdade,
nada mudou.
Aos 30 eu era um verdadeiro careca. Falta de cabelos no
topo da cabeça, e madeixas fortes no bojo do crânio, acima das orelhas. (Estilo
seu Barriga). Já era uma referência.
Pois bem. Falando sério: aos 36 eu afirmo que a calvície
não é algo que me incomoda. Não mesmo. Passei a máquina 1 em tudo, pronto.
Ainda não tive coragem de usar a 0. Quando me sentei na cadeira da cabeleireira
e informei que a máquina a ser usada era a de número 1, antes, ela quis saber
se eu realmente tinha certeza daquilo.
Dei o aval e a maquininha, com seu
motorzinho elétrico e dentes afiados, devastou o pouco que tinha.
Pronto. Sou careca assumido. Vim caminhando pela rua por
uns 10 minutos até minha casa. (Nesse dia resolvi ir a pé ao salão). A primeira
pessoa a me ver com o novo visual foi minha mãe. Ela riu. Depois disse que eu
estava parecido com o monge da novela das 6. Eu sou careca.
Cara tenho certeza que a calvície é a última fronteira ser vencida pelo orgulho masculino - com a ajuda da medicina. Depois do Viagra acabou a impotência, agora só falta inventarem a pìlula do cabelo. Tomou o remedinho, cabelo cresceu, ja pensou? A gente ainda chega lá!
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