Tem um homem de aproximadamente 45 anos que corre num ritmo forte, olhando sempre para frente com o rosto levemente risonho. Não usa aquelas roupas mais apropriadas para corrida, porém, o desempenho físico parece ser o mesmo. Camisa polo com um crachá escondido, calça preta e fones no ouvido. Por onde passa trotando leva consigo o barulho do atrito de chaves e moedas acumuladas no bolso. Esse cara corre no Parque Max Feffer, em Suzano.
O parque pela manhã tem cheiro de mato porque quase sempre há um funcionário cortando a grama com aquelas máquinas. Quando o ruído do aparelho cessa, são os quero-queros que roubam os decibéis com aquela gritaria aguda. O parque também tem barulho de respiração ofegante dos corredores que sobem e descem a pista de cooper quebrando calorias e recordes.
São duplas, grupo com quatro pessoas e os sozinhos que tem a música inserida no ouvido pelos fones como companhia. Cruzo com as pessoas e sempre pego duas ou três frases de diálogo. Alguns estão contando um fato, outros reclamando de uma situação. Boa parte dos assuntos está relacionado a perda de peso e alimentação saudável.
Tem uma mulher de aproximadamente 60 anos que corre ao lado do marido. Ela trota e ele anda a passos largos. Ela usa chapéu e uma camisa de tecido fino de manga longa. Ele vai de camiseta e é bem mais alto que a esposa. O parque pela manhã coleciona histórias. São pessoas que estão ali a mando do médico para controle de índices glicêmicos. Outras que querem apenas emagrecer e algumas que não vivem sem o hormônio que é despejado no sangue quando nos exercitamos.
Curto o clima democrático daquele lugar. São pessoas de várias idades, estilos e classe social. Quase todas estão ali com o mesmo objetivo: se exercitar. Vou ao parque sempre quando posso. Para fazer uma caminhada de leve, respirar um ar puro e praticar a observância.
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