quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ilhabela, o vento e as balsas

O dia amanheceu com sol, mas por volta das 13h tudo mudou. Um vento muito forte tomou conta da ilha. O mar ficou agitado e o cenário esbranquiçado. Estávamos perto da Praia do Perequê, em Ilhabela quando alguém disse. "A balsa parou".

Pouco mais de 2 quilômetros separam os municípios de Ilhabela e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. É claro, levando em conta os dois pontos mais próximos entre a ilha e o continente. E os únicos meios de transporte que ligam estes dois pontos são as embarcações marítimas. A mais convencional é a balsa, com capacidade para pouco mais de 50 veículos. Sem este meio de transporte operando, ninguém entra e ninguém sai da ilha. A não ser se for por meio de transporte aéreo. E foi isso que aconteceu na tarde de domingo, dia 27 de outubro. A balsa parou.

No começo não me preocupei com o pé de vento e nem mesmo com a informação de um garoto, morador da ilha, de que a travessia de balsa havia acabado de ser interrompida por conta da mudança brusca no tempo. Tanto que durante o vendaval resolvemos almoçar. Depois disso, passamos na pousada, fizemos as malas, o check out e deixamos o local. O vento forte ainda tomava conta da cidade.

No posto de combustível o frentista caiçara me disse. "A balsa ainda esta parada e dizem que a fila de carros já está enorme. Pior que não tem previsão deste vento parar", contou o homem.

Esta foi a quarta vez que eu estive em Ilhabela. Adoro aquela cidade. Eu e minha namorada frequentamos o município desde que começamos a namorar e sempre ouvíamos comentários sobre a interrupção da balsa, em casos de ventos fortes, mas pela primeira vez estava vendo, ao vivo, o que era aquela situação.

O frentista ainda completou. "Estes dias fui levar minha filha ao médico, em Caraguá. Quando ia retornar o tempo fechou e a balsa parou. Fiquei esperando por mais de 6h para atravessar", disse o rapaz sem espanto. Com o comentário dele, percebi que quem vive na ilha ou do outro lado, e depende desse meio de transporte, está bem acostumado com as reviravoltas no tempo e a impossibilidade de entrar e sair da ilha de São Sebastião.

Depois da conversa no posto fomos ver o fim da fila de carros e nos assustamos: eram mais de 2 quilômetros de veículos enfileirados. Mas, por outro lado, a cidade não virou um caos. Muito pelo contrário. O departamento de trânsito, habituado com a situação, agiu rapidamente e foi organizando o comboio que crescia a cada minuto. A fila de veículos a espera da balsa, que cruzava a cidade, foi formada na lateral das ruas, perto das calçadas e demarcadas com cones. Havia placas por toda a cidade orientando os motoristas "FILA DE BALSA".. O trânsito não foi afetado.

Resolvemos não ficar na fila. A esperança era de que o sistema fosse restabelecido e tudo aquilo acabasse logo. Nos enganamos. A fila só crescia e a balsa não voltava a operar. Havia duas opções: voltar para a pousada e retornar somente no dia seguinte ou entrar na fila e correr o risco de passar a noite na rua.

Ilhabela, no entanto, não é só ventos e balsa. Vamos, então, falar de sua beleza principal: as praias

Praia do Curral
Acredito que a esta é a mais badalada de todas as praias da ilha. Fica do lado Sul da ilha. É bem frequentada e possui inúmeros quiosques. É uma linda praia com água limpa e areia fofa. 


Praia do Julião
O turista precisa fazer uma pequena trilha para chegar ao local, que também fica ao lado Sul da ilha. Mas, acredito, que este seja o charme da praia. A trilha de cerca de 100 metros possui uma espécie de passarela, construída com madeira. O cenário é lindo: uma trilha em meio a Mata Atlântica. A praia é tem uma extensão menor, em relação às outras. Possui grandes árvores, pedras e alguns quiosques. Vale a pena.


Praia da Pedra Miúda
Uma das primeiras praias em direção ao lado Sul e é  frequentada por mergulhadores, em sua maioria. O local ainda abriga a Ilha das Cabras. A água é bem transparente. A pesca é proibida por lá. 


Casamento na ilha
Percorrendo de carro pela (SP-131) no lado Sul da ilha em uma manhã de sábado, um cenário me chamou a atenção. Tive a impressão de ter visto uma estrutura de casamento sendo montada na areia, na Praia do Veloso. Descemos e fomos ver de perto a arrumação. Eu estava certo. Três homens [moradores da ilha] davam os últimos retoques no altar improvisado que receberia, em algumas horas, um casal de noivos da capital paulista. O casamento estava marcado para às 16h. Passamos pelo local por volta das 11h. Tudo estava sendo feito meio que no improviso, mas o que vale é a intenção. Felicidades aos noivos. 


A balsa voltou
Após cerca de 4 horas de paralisação, a balsa voltou a operar na travessia Ilhabela - São Sebastião com três embarcações naquele domingo à tarde. Mas, a essa altura, a fila de carros era quilométrica e dava voltas e voltas. A noite começou a cair e nós resolvemos retornar à pousada: que sacrifício. 

Passamos mais uma noite na ilha e deixamos a cidade na manhã de segunda-feira. Pelo que pesquisei, não existe projetos para a construção de uma ponte ligando São Sebastião a Ilhabela. Acredito, porém, que não exista essa possibilidade, já que o canal é acessado por navios de grande porte a caminho do porto de São Sebastião. 

Além disso, tem a questão do impacto ambiental. Outro agravante seria a estrutura da suposta ponte. Por isso acredito que o mais viável seja investir em mais embarcações e modernizar as existentes. Uma obrigação do governo estadual.

Na manhã de segunda-feira, voltamos a enfrentar filas pois apenas duas balsas estavam operando. A terceira apresentou problemas nos motores e foi retirada de lá. O problema continuou durante todo o dia e a média de espera foi de 3 horas. 

Mas nada disso faz com que a ilha deixe de ter os seus encantos. Quem é mais próximo de mim sabe que sou um dos maiores admiradores desse município. Ilhabela, na minha opinião, é um dos lugares mais lindos desse país. Não só por conta de sua beleza natural, mas por sua história, suas lendas e seu povo. Ilhabela, voltaremos em breve. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A invasão das maritacas

Desde que entrei em férias, agora eu outubro, tenho percebido que Suzano [cidade onde moro] está sendo invadida por inúmeras aves verdes e de canto gritado, conhecidas como maritacas. Elas estão em toda a parte. Antes do meu período de descanso não tinha me dado conta dessa "migração repentina". Porém, desde que passei a caminhar mais pelas ruas da cidade tenho visto centenas dessas aves verdes e barulhentas. Acho interessante.

Não sou biólogo e nem um especialista em pássaros da nossa fauna, mas basta prestar a atenção: elas estão por todos os lados. Acredito que uma das maiores concentrações está na região central de Suzano, nos arredores do Praça dos Expedicionários. Elas ficam nas copas das árvores e contrastam com o ambiente urbano. São verdes e se misturam com a vegetação. Percebemos a sua presença por meio dos seus "gritos".
As árvores da Escola Municipal Antônio Marques Figueira, esquina da Rua Sara Cooper, com a Benjamin Constant, na região central, também servem de moradia para centenas dessas aves. E vira e mexe é possível ver algumas delas paradas sobre as antenas de TV das casas ali nos arredores. Nessas minhas caminhadas pela city também vi muitas maritacas perto de um condomínio residencial na Armando Sales de Oliveira, na esquina com a Rua 15 de novembro. 

Esse "fenômeno" me chamou ainda mais a atenção quando fui com meu pai em um ferro-velho, que fica na região da Avenida Marques Figueira, em Suzano. Caminhando pelo comércio de usados, eu logo percebi o canto de inúmeras maritacas. 

Fui me aproximando e notei que boa parte estava se alimentando em uma espécie de poleiro. Elas comiam sementes de girassol e frutas [banana e goiaba]. Ao que tudo indica, o alimento teria sido colocados ali pelas pessoas que trabalham no local. Não perguntei, mas a estrutura também deve ter sido montada pelo pessoal do ferro-velho, de propósito, para atrair as maritacas. Uma ótima ideia. Fiquei as observando por longos minutos. Fiz uma foto e postei no Instagran.

Eram centenas. Todas aglomeradas disputando sementes que estavam em garrafas pets. Era uma competição para ver quem conseguia ter acesso a um pequeno orifício na garrafa. Era por ali que as aves conseguiam pegar o girassol. Era uma segunda-feira, por volta das 11h. 
Foi depois daquele dia que passei a observar mais sobre a presença desse animal em nosso meio. Notei que elas também estão em outras cidades. Em um sábado pela manhã, estive em São Paulo, na região da Vila Mariana, na zona sul e vi um monte de maritacas nas antenas de TV e árvores do bairro. 

Andei dando uma pesquisada e percebi que essa invasão ocorre em outros lugares. A cidade de Ribeirão Preto é uma delas. Lá, a grande população de pássaros verdes chegou a prejudicar a lavoura e a rotina de moradores de um condomínio residencial. 

A invasão de maritacas nas cidades pode ser fruto de um desequilíbrio. Cada vez mais elas têm perdido espaço em seus ambientes naturais e, sem saída, acabam migrando para os meio urbanos. Nas cidades, encantados com os bichos, muita gente os alimenta com frutos e sementes e eles vão se reproduzindo e vivendo entre os cabos de eletricidade, telefônicos e antenas de TV. 

Confesso que acho isso magnífico  Sempre gostei muito de pássaros dessa família dos psittacidae. [periquitos e papagaios] e essa invasão das maritacas não me incomoda, nem um pouco. Muito pelo contrário, eu gosto. Confesso que dias desses andei jogando umas sementes de girassol no meu quintal com a esperança de atrair uma dessas aves e poder observá-la mais de perto. Isso ocorreu há 15 dias. Até o momento nenhuma delas apareceu na minha casa, rs!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Motorista lento à esquerda

Dirigir requer muito mais que paciência: tem de ter controle emocional. Estes dias sai de casa, percorri pouco mais de 5 quilômetros e foram duas fechadas a seco (sem seta e sem vergonha). Dessa vez eu não esbravejei. Pensei comigo. "Não adianta mais".

Aí segui viagem. Durante o trajeto fui vendo outras barbáries automotivas. Fui ouvindo o noticiário no rádio e peguei uma avenida de duas pistas com grande movimento. Nessa hora lembrei de um comportamento no trânsito que é o campeão da irritação, na minha opinião: o motorista lento trafegando pela esquerda sem dar passagem.
De uns tempo para cá vejo muitos motoristas reclamando destes condutores lentos à esquerda. Não é uma bronca exclusivamente minha. E é sempre assim. Dentro das cidades eles trafegam a menos de 60 km por hora à esquerda. Nas estradas não passam dos 80. Não adianta farol alto, buzinada ou aquela setinha à esquerda.

Me considero um cara atento ao trânsito (visual e auditivo). E se uma sirene de ambulância soa longe, logo vou me preparando para dar passagem. Estes dias tinha um motorista lento à esquerda na minha frente. Local: SP-66 (Suzano - Mogi). Mirei pelo espelho uma viatura do Samu que vinha com a sirene aberta. Ela seguia a mais de 80. Logo, deixei o caminho livre. 

A ambulância passou por mim, mas ficou presa atrás do motorista lento que antes estava à minha frente. Foram mais de 10 segundos até ele perceber que havia uma ambulância às pressas atrás dele. A passagem foi dada.
Mas se quase todos os motoristas reclamam dos "lerdos à esquerda", afinal, quem são eles? Será que já fui um "lerdo à esquerda" em alguma situação? Você que está lendo este texto e que também faz a mesma reclamação, às vezes, já trafegou de forma lenta à esquerda sem dar passagem para aquele Kadetti nervoso atrás.

Pois bem, há algum tempo venho observando o perfil dos motoristas lentos à esquerda e cheguei a alguns exemplos. Veja:

1) Falador
Em boa parte dos casos o carro tem mais de duas pessoas em seu interior. Geralmente, ele (motorista) não percebe sua presença, nem das ambulâncias do Samu, pelo retrovisor, porque está conversando com outras pessoas dentro do carro. Nesse período em que passei analisando estes motoristas percebi que não se trata de uma conversa normal, um diálogo, por exemplo. Não. É aquele "conversar" onde só o motorista fala. E fala muito, por sinal. Ele gesticula com as mãos, larga o volante, aponta, passa mão na testa, troca as marchas, abre os braços e dirige. Só não olha pelo retrovisor.

2) Ao celular
A maioria dos motoristas "lentos à esquerda" está falando ao celular. Pode ser homem, mulher, jovem ou idoso. A velocidade, nestes casos, fica na casa dos 40 quilômetros por hora. É muito mais difícil este tipo de motorista te dar passagem porque a impressão é que ele está dirigindo em outra dimensão. Ele somente olha para frente e, mesmo assim, parece não estar vendo nada. Quando você o ultrapassa e esbraveja, ele nem percebe o que acabara de acontecer.

3) Romântico 
Este tipo surge mais nas noites de sábado. Geralmente são homens e estão com uma mulher ao lado. São jovens, no máximo 30 anos. Eles têm os movimentos lentos. Trocam de marcha sutilmente. Alguns costumam deixar o banco mais inclinado e, mesmo sem ter carro rebaixado, passam lentamente sobre as lombadas. Tudo para tentar conquistar a passageira. Em boa parte dos casos, isso ocorre nas primeiras vezes em que o motorista está saindo com a pretendente. Ele dirige mais devagar, porém, ocupa a faixa da esquerda.

4) Sem GPS
Ninguém é obrigado a conhecer a cidade por onde dirige, mas é obrigado a dar passagem ao motorista de trás, quando se trafega pela esquerda. Está no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Percebo, às vezes, que alguns lentos à esquerda são forasteiros. A placa do carro deles não é da cidade e nem da região por onde está trafegando. 

5) Domingueiros
Quando era criança e andava de carro com meu pai, sempre o ouvia dizendo. “Esse aí é motorista domingueiro”. E eu ficava pensando naquela afirmação. Imaginava motoristas que tinham permissão para rodar somente aos domingos. De certa forma, eu estava quase certo. Alguns condutores que costumam sair somente aos domingos também são motoristas “lentos à esquerda”. No entanto, neste dia o trânsito nas cidades, pelo menos, é bem mais tranquilo e eles acabam passando despercebido.

Bom, se algum dia eu fui um motorista “lento à esquerda”, tenho quase certeza que eu me enquadrei no perfil “falador”. Mas não me lembro de ter empatado o trânsito. Andar devagar, só à direita. Isso serve também para os caminhões e ônibus.

Nestes mais de 15 anos de trânsito eu percebi algumas coisas:

- Em alguns casos, a lentidão no trânsito é provocada por um grupo de carros que segue de forma lenta pela esquerda. Ao ultrapassá-los você percebe que não havia trânsito.

- Assim que ultrapassamos aquele motorista que não lhe dava passagem, em alguns casos, ele passa a acelerar e não deixa você completar a manobra. Talvez ele veja isso como uma "afronta". Isso vale para os lentos à esquerda e os que já estão à direita. Você pode ter o veículo mais potente da terra, mas sempre um Uninho branco da antiga Telefônica irá te ultrapassar.

Dirija com cuidado. E libere à esquerda.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Eu sou careca

Resolvi assumir a calvície. Pela primeira vez na vida pedi para a cabeleireira usar a máquina nº 1 em toda a cabeça, há alguns dias. Antes pedia para baixar com a tesoura mesmo, mas resolvi mudar isso. Em vez de careca no topo, agora sou, praticamente, careca de cabeça inteira. De coração.

Aos 14 anos eu tinha muito cabelo. Porém, não era contente com eles. Cabelo preto e volumoso, mas sem forma definida. Na parte alta da cabeça, a continuação da franja, havia um ondulado desforme que me irritava. Tinha uma moda de deixar as madeixas arrepiadas com o uso de gel, mas quase sempre os meus cabelos não paravam nessa posição. 

Pouco antes dos 20, senti que todo aquele volume dos 14 já tinha desaparecido. Eu ainda ostentava cabelo, mas não como antes. Ainda usava gel, mas não como antes. Nem percebi que isso pudesse ser um sinal de calvície e vivi sem pensar nisso.

Anos a frente, aos 25, já havia sinais de desmatamento capilar. Pouco antes eu tinha ido ao médico e ele me receitou um shampo e um remédio via oral. Minha fé fez acreditar no suposto aparecimento de um pequeno percentual de volume, semanas após o uso dos medicamentos. Mas, na verdade, nada mudou.

Aos 30 eu era um verdadeiro careca. Falta de cabelos no topo da cabeça, e madeixas fortes no bojo do crânio, acima das orelhas. (Estilo seu Barriga). Já era uma referência.

Pois bem. Falando sério: aos 36 eu afirmo que a calvície não é algo que me incomoda. Não mesmo. Passei a máquina 1 em tudo, pronto. Ainda não tive coragem de usar a 0. Quando me sentei na cadeira da cabeleireira e informei que a máquina a ser usada era a de número 1, antes, ela quis saber se eu realmente tinha certeza daquilo. 

Dei o aval e a maquininha, com seu motorzinho elétrico e dentes afiados, devastou o pouco que tinha.

Pronto. Sou careca assumido. Vim caminhando pela rua por uns 10 minutos até minha casa. (Nesse dia resolvi ir a pé ao salão). A primeira pessoa a me ver com o novo visual foi minha mãe. Ela riu. Depois disse que eu estava parecido com o monge da novela das 6. Eu sou careca.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O canto da cidade desafinou

Minha adolescência se passou na década de 90. Era outro tempo. Época em que lançaram o Moving Sound Philips e do surgimento do News Kids on The Block. Também teve Guerra do Golfo e o tetracampeonato conquistado pela seleção brasileira de futebol. Eu vivia, como vivo até hoje, em Suzano. E foi justamente nesses anos que o time de vôlei da cidade se tornou o orgulho de boa parte de seus habitantes.

Uma equipe que conquistou vários títulos paulistas, brasileiro e até Campeonato Sul-americano. Suzano era a “Cidade do Vôlei”. Estrelas da seleção brasileira atuavam no time, moravam na cidade e desfilavam, muitas vezes a pé, pelas ruas General Francisco Glicério e Benjamim Constant. Era outro tempo.

O Portelão era a balada e a vibração o combustível das cerca de 5 mil pessoas que lotavam o caldeirão na Barão de Jaceguai, centro. Famílias inteiras frequentavam o ginásio nas noites de sábado, principalmente. Era o ponto de encontro. O time entrava em quadra embalado pela música “O canto da cidade”, de Daniela Mercury.  Era a abertura de mais um espetáculo. E a cidade nos noticiários. Um outro tempo.

No entanto, anos à frente e a situação muda. Suzano não tem mais aquela equipe de vôlei, a cidade quase que não se desenvolveu como deveria, o “esqueleto” continua lá e novos problemas surgiram. O “canto da cidade desafinou”. 
Cerca de 20 anos se passaram e eu vejo a minha Suzano protagonizando o noticiário policial por conta de crimes violentos que chegam a chocar o país.
Veja bem: num curto intervalo de um mês, a Rua Benjamim Constant e a General Francisco Glicério, que na minha visão são locais seguros e vigiados, por abrigar agências bancárias e contar com apoio de câmeras de monitoramento, foi palco de dois crimes bárbaros. 

Jovens são executados em tentativas de assalto. Crime tipificado como latrocínio: matar para roubar. Segundo a polícia, um dos mais difíceis de investigar, já que as vítimas quase sempre não têm relação com os atiradores.

Dias depois, a cidade é palco de mais um crime violento. Dessa vez com características de cinema e em plena zona rural. Bandidos armados com fuzis e metralhadoras, que derrubam até aeronaves, crivam de balas um carro-forte na pacata Estrada dos Fernandes. 

O grupo estava em dois carros blindados. Um dos veículos era adaptado para a guerra urbana. No porta-malas havia um suporte de apoio para o atirador. A única abertura eram dois orifícios usados para encaixar os canos das metrancas. Saldo: suzanenses assustados mais uma vez.
Sou jornalista e lido diariamente com esse tipo de notícia. Mas confesso que fico triste em ver minha cidade sendo corroída por essas ações brutais de ultimamente. 

A cada dia um novo episódio. E neste “campeonato” a ex-terra do vôlei está em desvantagem. E começa a perder “sets" importantes. O que a torcida suzanense espera é a virada, como sempre. Empurrada por milhares de gritos no Portelão. E deixar claro que, a cor dessa cidade é a cor da paz. 

Eis o blog

Há tempos penso em criar um blog. Mas sobre o que escrever? Acho que essa é a dúvida de boa parte dos interessados que quer começar com este espaço. Acompanho postagens de vários blogueiros: uns de longe, outros de bem perto. Pessoas que trabalham comigo, jornalistas de outras empresas, blogueiras de moda, de tecnologia e pessoas desconhecidas.

E depois anos de dúvida fui conclusivo num fim de manhã de domingo, pouco antes do almoço: escreverei sobre “coisas” do dia a dia. Ponto final. A partir de hoje começo a alimentar o Blog do Douglas Pires.

Sempre escrevi. Quando adolescente eu não tinha computador e registrava tudo em folhas de sulfite. Às vezes usava máquina de escrever. Pena que não guardei tantos desses registros. Depois, me tornei jornalista e a escrita se tornou minha profissão.

Antes de começar com esse blog passei a anotar ideias de textos há algum tempo. “Coisas” que vejo por ai. Situações pelas quais vivo, descrições, opiniões e conclusões. Bom, espero usar esse espaço, principalmente, para me divertir. Nada de altas críticas, textos áridos e especificações. Apenas escrever o que vir à cabeça. Apenas escrever. E que prossiga ao sabor do vento.