sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Feliz é a aranha

Nesta sexta-feira, 15 de novembro [feriado da Proclamação da República] as estradas paulistas sentido litoral travaram, literalmente. Situação que não é novidade para ninguém. Na minha retrospectiva, acredito que é o primeiro feriado prolongado do segundo semestre, sem previsão de chuva. Acho que boa parte dos feriados caiu em sábados e em meio de semana. Pois bem, juntado com o fato de que tivemos, nesta semana, recordes de calor em SP, era quase certo que todo mundo iria cair na estrada. Quer dizer, ancorar na estrada.

Essa foi a primeira notícia que tomei ciência nesta sexta-feira. Acordei cedo e já nas redes sociais o assunto era o mesmo: trânsito nas estradas. Na véspera, por volta das 19h30, a Mogi-Bertioga e demais caminhos rumo à baixada já estavam com tráfego intenso. Mas daí, talvez, tenha acontecido que que ninguém previu. Enfim, todos pensaram o mesmo “Já que SP travou na noite de sexta, vamos pegar estrada no meio da madruga ou bem cedinho”. Deu no que deu. Às 4h30 ninguém desenvolvia velocidade nas rodovias de acesso ao litoral. E assim foi durante toda a manhã e início da tarde.

Acordei cedo, antes de tomar nota das notícias, vi uma aranha em sua teia em meio a vegetação no quintal da minha casa. Fotografei com o celular e pensei “Feliz é a aranha que não precisa trabalhar no feriado”. Algumas profissões necessitam que o profissional entre em uma escala de plantão e trabalhe aos domingos, sábados e feriados. Isso acontece com quem é da linha de produção de uma fábrica. Atinge também o médico, o enfermeiro, o policial e o jornalista.

Reclamei da situação quando vi a aranha apenas de forma jocosa. Só para tirar onda. Não reclamo de plantões, não. Se escolhi essa profissão tenho que arcar com o que vem junto. Sempre soube que trabalharia em feriados. Que perderia festas, casamentos e churrascos. Normal. Talvez essa mesma consciência tenha as famílias e motoristas que seguiram rumo ao litoral. Eles já sabiam do transtorno a ser enfrentado. Sabiam sim. E, mesmo assim, enfrentaram. Uma minoria desistiu. Só. Foram inteligentes?

É, acho que inteligente e feliz mesmo é a aranha. Ela estica sua teia, sem incomodar ninguém e, aguarda, com paciência, a presa se enroscar na sua armação de seda praticamente invisível. Sem pressa. Sem congestionamento. Sem aborrecimentos. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário