quinta-feira, 27 de março de 2014

A mulher dos ratos

"O rato ficou em pé e me enfrentou". A denúncia foi feita por uma ouvinte da Rádio Metropolitana de Mogi das Cruzes em 2003. A vítima, na ocasião, morava no bairro Dona Benta, em Suzano e não tinha mais a quem recorrer. Ela vivia em pânico. A casa estava sendo invadida por roedores e, desesperada, a mulher pediu ajuda, ao vivo, durante o espaço aberto ao ouvinte. Deram essa pauta pra mim. Lá fui eu enfrentar as ratazanas. 

O barato de trabalhar em rádio é a agilidade e a proximidade com a comunidade. É o mesmo barato de quem ouve o noticiário. Ficar antenado sobre o que acontece no planeta por meio de um simples aparelhinho movido a pilhas. Em uma tacada só a informação chega à dona de casa, ao açougueiro, informa o senhor que roça o terreno e o empresário parado no trânsito mergulhado no ar condicionado da BMW blindada. Agora são 9h55. E o noticiário prossegue.

Sempre fui fã de rádio e em 2003 virei repórter de rádio. O primeiro emprego na área com carteira assinada. E antes de completar 120 de trabalho fui enviado à casa da "mulher dos ratos". Era eu e o motorista, apenas. Bati palma e ela logo apareceu. A casa tinha um quintal comprido (um corredor). Naquele mesmo espaço ficavam as janelas dos quartos, cozinha e banheiro. Conversamos ali mesmo e ela me contou o drama da casa invadida pelos roedores.


Foto: google imagens
No estúdio a apresentadora informou aos ouvintes que o repórter estava na casa da mulher que enfrentava problemas com os ratos. Na entrada ao vivo ela contou novamente a história. Segundo relato da vítima, por volta das 20h, quase todos os dias, ela sempre ouvia barulho no quintal. Ao sair para verificar, a mulher se deparava com ratos grandes, que segundo a sua descrição, eram bem maiores do que os que estamos acostumados a ver. A vítima disse ainda que os grandes roedores não se importavam com sua presença e tentavam puxar, com a boca, os sacos de lixo que estavam no quintal. Mesmo com muito medo, ela gritava com os animais. Segundo ela, as ratazanas ficam em pé e a enfrentavam. Com medo a mulher corria para dentro de casa. 

Entramos em contato com a zoonoses de Suzano que prometeram visitar a casa da mulher. A reportagem voltou ao local mais algumas vezes, mas eu nunca consegui ver nenhum destes ratões. Talvez eles ficavam escondidos nos observando de longe. Dias depois, a zoonoses de Suzano foi ao local e consertou um problema existente no esgoto naquela região. Não tenho certeza, mas o local também foi detetizado. A história da "mulher dos ratos", como ficou conhecida entre os ouvintes e o pessoal da rádio ganhou fama. E muita gente deve lembrar disso até hoje. O certo é que os ratos sumiram de lá. Só não sei se foram aterrorizar outra casa.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Tiroteio na mata

Às 11h o meu ramal tocou. Eu tinha acabado de chegar na redação do jornal. Retirava as coisas da mochila enquanto aguardava a inicialização do computador. Não esperei o quarto toque do telefone e catei o aparelho meio desesperado. Do outro lado da linha uma voz feminina. Era uma fonte (informante de jornalistas) que tinha um comércio lá pros lados da Vila Moraes, zona rural de Mogi das Cruzes. "Douglas, está cheio de policia aqui perto", disse a mulher. Assim começava uma sexta-feira do mês de maio de 2008.

A primeira coisa foi checar com a Polícia Militar, mas não havia nada de concreto por lá. Conversei com a chefia de redação e disse que precisava sair rápido. Fui até a sala dos fotógrafos e encontrei o amigo Gerson Lino Jr. Ué, mas o que ele fazia lá aquela hora? O Junior era fotógrafo da coluna social. Só frequentava festas e eventos. Chegava na redação no começo da noite com missão de fotografar a socialite. 

Mas naquele momento ele estava equipado e pronto pra sair. "Hoje eu pedi permissão para te acompanhar na pauta de polícia", justificou o jovem fotógrafo. Ele nem bem terminou a frase e eu emendei. "Então vamos logo porque temos que ver um negócio aí. No caminho te explico".

No estacionamento encontramos com o senhor Benedito. Era o motorista mais tranquilo do jornal. Aposentado, beirando os 60 anos, o Dito (para os mais chegados) é aquele condutor que passa de leve nas lombadas e troca as marchas pausadamente. É o senhor estilo vovô que todo mundo gosta e ninguém fala mal. "Meu sistema é esse". A frase era dita por ele com orgulho pelo menos umas seis vezes por dia. "Dito, toca pra Vila Moraes", avisei. E assim fomos sentido a zona rural mogiana.

Cheguei ao bar da informante. Tomei uma água enquanto ela me indicava onde as viaturas estavam. "Já subiram algumas viaturas", disse a comerciante. Seguimos na estrada de terra sob orientação da fonte. Numa determinada altura vimos uma viatura parada na entrada de uma trilha. Não havia nenhum PM por perto. O Dito estacionou o carro do jornal ao lado e por ali ficou. Eu e o Junior descemos a trilha a pé. Andamos uns 10 metros e nos encontramos com alguns policiais. Eles haviam localizado um carro roubado no meio da mata. 

Era a primeira vez que o fotógrafo Junior trabalhava em uma pauta policial. Então ele me perguntou se deveria fotografar o carro roubado. "Faz umas fotinhas sim, Junior", expliquei. Estávamos em uma área de mata fechada e comecei anotar algumas informações. Segundo a PM, o local estava sendo usando como desmanche clandestino de carros. Em seguida, os policiais subiram a trilha em direção à viatura, lá na estrada de terra onde o carro do jornal também ficou parado. Eu e o Junior permanecemos onde estávamos, no fim da trilha, a cerca de 15 metros da estrada. 

De repente ouvimos um carro se aproximando pela estrada de terra. O clima ficou tenso, já que os PMs correram para ver. Logo os policiais gritaram: "Pára, pára, pára". Não podíamos ver o que se passava na estrada, mas dava para ouvir bem. Em seguida, um forte tiroteio começou. Imediatamente eu deitei no chão e o Junior fez o mesmo. Fiz sinal de silêncio levando o indicador direito à frente da minha boca e ele já estava pálido feito uma folha branca. Os tiros e gritos de ordem continuavam.

Ficamos deitados na lama e o Junior me perguntou em forma de sussurro. "É sempre assim?". E eu respondi: "Não, essa é a primeira vez que acontece". E várias coisas começaram a passar pela minha cabeça. Lembrei da hora que despertei em casa para vir trabalhar. Imaginei que poderia morrer na pauta e que nunca mais voltaria para casa. Achei que os ladrões iriam invadir a mata e nos tomar como reféns. Me preocupava com o Dito, que ficou na estrada. Mas não tinha nada a fazer. Apenas rezar e esperar. Foram os 10 segundos mais longos da minha vida até que os tiros cessaram. Aguardamos ainda mais um tempo, uns 30 segundos, para subir a trilha. Ouvimos os policiais dizendo que uma pessoa tinha sido presa. 


Deixamos o local com as pernas moles. Dito foi o primeiro que vi. Estava atônito. Ele ficou escondido atrás do carro do jornal durante os dez segundos de bang-bang. Fez sinal de positivo. Nada acontecera com ele. Nos encontramos com os policiais e eles estavam preocupados com nossa integridade. 

Dissemos que estávamos bem e, depois do susto, a sessão gargalhada começou. Eles (policiais) explicaram que um grupo de bandidos se aproximou em dois carros quando o tiroteio começou. Um foi preso e o resto do bando se escondeu na mata. Eles abandonaram os dois veículos que, segundo os PMs, também eram roubados.

Os acessos à estrada de terra foram bloqueados. E o helicóptero Águia logo chegou para auxiliar nas buscas pela mata. Após o susto Junior fez centenas de fotos. E a sensação de alívio que eu sentia era inexplicável. Após horas de buscas, nenhum suspeito foi localizado. A PM liberou os acessos e nós viemos embora. Por ser uma sexta-feira e o local abrigar vários sítios, um engarrafamento de turistas havia se formado na entrada na estrada. Conversamos com alguns deles e explicamos que o perigo já havia passado. 

Na redação contamos sobre nossa aventura na mata. Por volta das 18h eu escrevia o texto ainda sob efeito da adrenalina. E, ao mesmo tempo sentia um alívio por estar bem. Agradeci o Junior pelas fotos e pelo profissionalismo. No dia seguinte, a matéria foi manchete e as fotos do Junior ganharam destaque na capa. Registros dignos de um fotógrafo experiente que não titubeou diante da situação. Não me lembro se ele voltou a fotografar para a coluna social, mas o tiroteio na mata rendeu assunto nas rodinhas do jornal por várias semanas.

terça-feira, 11 de março de 2014

O passageiro

No primeiro feriado de 9 de julho que foi instituído em 1997 no Estado de São Paulo eu não dormi até tarde. Estava bem acordado quando alguém (não me lembro quem) chegou em casa dizendo que havia um boato de que um avião caíra em Suzano naquela manhã de sol. Fiquei espantando. Liguei o rádio no noticiário e logo ouvi o repórter informando que um corpo foi encontrado em uma plantação em Suzano. Eram fortes as suspeitas de que o homem morto, na verdade, tratava-se de um passageiro que fora ejetado de um avião da TAM, em pleno voo, durante uma explosão. Eu, estudante de jornalismo, com  20 anos de idade, fiquei hiper agitado com essa notícia. A todo custo queria ir ao local onde o corpo do passageiro foi localizado. 

A notícia se espalhou rapidamente pelo país. Isso porque em menos de um ano aquele era o segundo acidente envolvendo um avião da TAM. Em outubro de 1996, um Fokker 100 caiu no bairro Jabaquara, minutos após a decolagem: 99 morreram. Estive no local, na época. Estava há poucos meses na faculdade de jornalismo. Aproveitei a ida à capital para participar de um curso e, na volta, estiquei até a Zona Sul. Havia passado quatro dias do acidente. Jamais esquecerei o cenário de destruição na Rua Luis Orsini de Castro. Fiquei um tempo olhando a movimentação dos repórteres que ainda faziam plantão no local e tive mais certeza que era aquela a profissão que queria seguir.

Com a certeza no peito, no dia 9 de julho, do mesmo modo fiquei ouriçado para chegar ao local da queda do passageiro em Suzano. Eu nem tinha máquina fotográfica, mas o simples fato de ver de perto aquela ocorrência já me deixava satisfeito. Fui até a casa da minha avó, encontrei meu tio e o convenci de irmos até os arredores do Distrito de Palmeiras para tentar descobrir algo. Naquele momento a imprensa já dava como certa a versão. Era um passageiro que caiu do avião após uma explosão. A aeronave prosseguiu em seu voo até Congonhas onde pousou com segurança. Ninguém mais se feriu. Meu tio topou de me levar lá pros lados de Palmeiras, onde a imprensa dizia que o homem caiu.


Explosão abriu um buraco na fuselagem do avião. Foto: Google Imagens
A bordo do Fiat Uno prata seguimos na aventura pela Rodovia Índio Tibiriça. Eu não tinha muita noção onde era o ponto exato da ocorrência, mas fomos a esmo, sentido Distrito de Palmeiras. Por pouco tempo me senti um repórter indo para a pauta. A adrenalina do momento me dava uma sensação de satisfação. Não ia registrar nada do que estava acontecendo, mas sentia uma imensa vontade de estar envolvido naquilo. 

Fomos até Palmeiras, rodamos por uma estrada de terra e o tal sítio onde o corpo foi achado ficava cada vez mais longe. Resultado: não encontramos nada. Na volta cruzamos com um carro de reportagem do SBT. Até pensei em segui-lo, mas meu tio achou melhor irmos embora. 

Mais tarde os telejornais só falavam desse assunto. Me lembro perfeitamente que, por volta das 15h, um helicóptero branco e robusto, daqueles que têm até trem de pouso, desceu no terreno onde hoje está instalado um hipermercado e o shopping de Suzano. Desembarcou um dos diretores da TAM. De carro ele seguiu até o local do acidente.


Eu, que era leitor assíduo dos jornais da região e da capital, não via hora de chegar o dia seguinte para pegar os periódicos. O primeiro foi o Diário de Suzano. Me lembro da capa até hoje. Porém, um nome me chamou a atenção: Carlos Magno. Era o fotógrafo que fez as fotos do passageiro morto. Logo depois fiquei sabendo que ele foi o único fotógrafo do país a registrar a cena do acidente. As fotos dele rodaram o mundo e ilustraram as capa de quase todos os jornais e revistas do Brasil. Em poucos minutos virei fã do profissional. 

Eu conhecia os profissionais da imprensa regional somente por meio de créditos. São os nomes no cantinho das fotos e no topo das matérias. E pensava: Será que um dia me tornarei como eles. O sonho era ter o meu nome creditado em uma matéria. "Quem sabe um dia", pensava eu. Aliás, sonho de qualquer estudante amante do jornalismo.


Carlos Magno e o registro de sua história no livro Memórias
de Suzano.
O tempo passou e em 2008 acabei conhecendo Carlos Magno pessoalmente. Foi quando participei do projeto para escrever o livro Memórias de Suzano, com outras 3 amigas jornalistas. A obra tem um capítulo especial, escrito pela amiga Carla Fiamini, o qual relata o grande feito do fotógrafo suzanense. 


Desde então em todos os feriados estaduais em que se comemora a Revolução Constitucionalista de 32 a história do passageiro ejetado do avião me vem a cabeça. Às vezes me pego olhando para o céu em sincronia com o ruído agudo de um jato qualquer. E sempre vou acompanhando o movimento da aeronave até ela desaparecer do meu campo de visão. E quase sempre durante essas observações a tal história me vem à cabeça. "Como ele [passageiro] foi cair justo em Suzano".


sexta-feira, 7 de março de 2014

A matéria que eu não consegui fazer

É chocante chegar ao local de um acidente de trânsito com vítimas fatais minutos após a colisão dos veículos que vinham em alta velocidade. Sentir o calor das máquinas interrompidas e testemunhar os ocupantes inertes, opacos e sem pulsação, é algo que fixa na memória. O jornalista chega com o objetivo de produzir sua melhor matéria e tem de se manter firme diante da cena. Já passei por várias situações assim nestes 11 anos de jornalismo diário. Não é tarefa fácil, mas quem ouve, lê ou assiste, precisa estar informado. Essa é a missão e pronto. Mas e quando as vítimas são seus amigos? São pessoas do seu convívio? Aconteceu comigo em 2005, porém, de uma maneira diferente. Não cheguei ao local logo após o acidente.

Morei na Rua Tiradentes, em Suzano, por mais de 15 anos. Ali passei a infância, adolescência e começo da vida adulta. Diante da casa onde vivia, no começo dos anos 90, o campinho de terra das partidas de futebol e as rodadas de bolinha de gude, deu lugar a um residencial, que rapidamente ficou pronto. A molecada da vizinhança se entrosou com os "meninos dos predinhos" e a amizade evoluiu. 

Dois novos moradores ganharam destaque na nossa turma. Ambos usavam aparelhos fixos nos dentes, um santista o outro corintiano. Pouca diferença de idade. Um era um goleiro quase profissional e o outro jogava razoavelmente bem na linha. O primeiro namorava sério e o segundo quase sempre na solteiro. Neste caso, ele frequentava nosso bando com mais frequência. Um era o Rogério e o outro, Thiago, mais conhecido como Fininho. E "Kabout" era o nome da balada que dominava a noite suzanense nessa época. 

Além da vida noturna, nosso grupo gostava de um futebol. Em 1998, um campeonato no "Areião" (em frente onde hoje é o shopping de Suzano) foi a atração daquele ano, bem como as festas no Tênis Clube, jogos de vôlei do Suzano no Portelão e os shows na Ovni, em Mogi. Época boa.

O tempo passou e em 2005 eu já era repórter do jornal Mogi News. Não morava mais na Rua Tiradentes, no entanto, os amigos dos "Predinhos" continuavam lá. Fininho, que passou uma temporada morando em Portugal, tinha acabado de voltar a Suzano. Estava cheio de gás e tinha planos de começar a fazer faculdade. Se reencontrou com o amigo Rogério e reativaram a forte amizade, ali mesmo, nos "Predinhos".


Em uma sexta-feira (junho de 2005) cheguei na redação por volta das 8h30. Dei uma olhada na capa do jornal do dia e logo depois a chefe de reportagem me entregou a pauta do dia: um acidente com vítimas fatais na "descida da Coca" durante a madrugada em Mogi das Cruzes. Fui para o Corpo de Bombeiros, em Brás Cubas e vi o carro bastante destruído em frente a delegacia (o distrito policial fica ao lado do quartel dos bombeiros). Era uma cena que fazia parte da minha rotina, pois naquela época trabalhava como repórter na editoria de polícia do jornal e sempre fazia este tipo de cobertura

Vi o carro prata e pensei: a batida foi feia. Entrei no quartel e conversei com o sargento que atendeu a ocorrência. Batemos um papo, ele me deu detalhes do que viu quando chegou ao local do acidente. Disse que o veículo bateu violentamente em um poste. Fiz mais perguntas e logo em seguida ele me entregou as fichas com os nomes e endereço das vítimas. Nessa hora eu paralisei. 

Os jovens mortos eram Rogério e Fininho. Até hoje não sei explicar direito o que senti naquele momento. Contei para o sargento que as vítimas eram meus amigos. Ele testemunhou minha palidez e me acalmou . 

A partir daquela hora eu não era mais o jornalista que iria começar a apurar mais uma história de acidente de trânsito com vítimas fatais. Eu era o rapaz que tinha acabado de receber a notícia de morte de dois "super chegados". Um outro amigo nosso também estava com eles no carro, mas graças a Deus se feriu levemente. Liguei para o meu irmão para contar e ele tinha acabado de receber a notícia. Ficamos extasiados.

Quando sai do quartel dos bombeiros olhei novamente para o carro danificado na porta da delegacia. Mas, dessa vez, vi o carro com outros olhos. Imaginei várias coisas. Naquele momento eu desmoronei e falei para a fotógrafa Luciana, que me acompanhava nessa pauta, que eu não iria dar prosseguimento na matéria.

Bastante abalado, liguei na redação e conversei com a chefe. Expliquei que eu não conseguiria escrever uma linha daquilo. Não sei se fiz o certo, mas eu não tinha condições psicológicas. A chefe entendeu, me dispensou da reportagem e escalou um outro repórter para a missão. 

Dos dois amigos que morreram, Thiago, o Fininho era o mais próximo de mim. Talvez porque vira e mexe estava com a nossa turma. Fininho vivia em casa. Ele e meu irmão faziam "rolo" com roupas. Você me dá essa camiseta que eu lhe entrego uma bermuda. No esquema de escambo. Foi aí que ele batizou meu irmão com o apelido de "coxa". Ele tinha 22 anos quando se foi. Uma semana antes do acontecido eu vi o Rogério em uma padaria de Suzano. Estava com o pai dele. Me cumprimentou sorrindo, como sempre. Morreu aos 24.

Permanece a lembrança de duas pessoas do bem e cheias de vida. A gentileza de Rogério e a tiração de sarro de Fininho ficaram na memória. Os dois sempre estavam juntos e se foram juntos naquela madrugada do dia 16 de junho. Essa foi a matéria que eu não consegui fazer.